DESTAQUE / PONTO ELETRÔNICO

Alema: 'o conto e o ponto eletrônico'

Editorial aborda as incoerências e contradições na gestão de Recursos Humanos da Assembleia Legislativa do Maranhão no controle de frequências de servidores.

02/07/2014
Sindsalem

''Porque o rei fazia questão de que sua autoridade fosse respeitada. Não tolerava desobediência. Era um monarca absoluto. Mas, como era muito bom, dava ordens razoáveis. 'Se eu ordenasse', costumava dizer 'que um general se transformasse numa gaivota, e o general não me obedecesse, a culpa não seria do general, seria minha?'. [...] É preciso exigir de cada um, o que cada um pode dar – a autoridade se baseia na razão. Se ordenares a teu povo que ele se lance ao mar, todos se rebelarão. Eu tenho direito de exigir obediência porque minhas ordens são razoáveis.'' Antoine de Saint-Exupéry – O pequeno Príncipe.

Não existe o que se questionar quanto a legitimidade da assinatura do ponto como registro de entrada e saída dos servidores. Aliás, é importante ressaltar que o Sindsalem é totalmente favorável à assinatura do ponto, defendendo, inclusive, que esse controle seja aprimorado e ampliado de maneira justa e igualitária a todos os servidores, incluindo-se diretores e servidores comissionados. A pergunta que não quer calar é porque uns sim e outros não? Não questionamos a ação em si, questionamos a forma como a ação vem sendo praticada nos últimos dez meses, mais precisamente, depois da manifestação feita pelos servidores no portão principal da Alema para reivindicar a reforma do PCCV em agosto de 2013.

Edimar Morais e Iracema Mendes são servidores da Assembleia Legislativa do Maranhão há 30 e 33 anos respectivamente. São servidores com um histórico de bons antecedentes e que honram os cargos que ocupam. Mas, num belo dia, eles esqueceram de assinar a folha de frequência e tiveram seus pontos cortados e os valores referentes descontados dos seus salários. Eles não faltaram, eles esqueceram de assinar, mas não houve uma notificação, uma advertência, um pedido de explicação, uma conversa, nada! Só a surpresa do desconto no contracheque. Bom, só esquece de assinar o ponto quem trabalha. Quem não pisa na Assembleia dispõe de toda uma gama de subterfúgios e maracutaias para que a folhinha de frequência esteja lá devidamente assinada todos os dias.

Se a Diretoria de Recursos Humanos (DRH) não tem meios para fiscalizar o fato, deveria pelo menos ser mais complacente com aqueles que trabalham honestamente e que, em determinado dia, estavam ocupados demais ou preocupados demais e se distraíram esquecendo de assinar o ponto. Crime punido com desconto no salário sem o benefício da dúvida. O valor descontado em nada beneficiou o orçamento da Assembleia, mas sabe-se, com certeza, o quanto prejudicou o orçamento familiar do pai e da mãe de família que tiveram seus salários descontados.

Os servidores efetivos estão aterrorizados. Uma visita rápida a qualquer setor da Alema, permite a visualização da busca frenética pela folha de frequência. Durante a greve de ônibus, alguns setores, como a Escola do Legislativo, cortaram o ponto de servidores que, por não terem carro, não conseguiram chegar ao trabalho. Felizmente, o desconto não foi feito na folha de pagamento porque pelo menos dessa vez o bom senso prevaleceu, mas não antes da servidora dar muitas explicações e justificativas sobre o fato que estava sendo noticiado em rede nacional. Bom, é possível que a coordenadora do setor não seja assim tão bem informada, lembrando que só é possível exigir de cada um, o que cada um é capaz de dar.

Qualquer manual básico de gestão de pessoas mostra que essa não é a forma mais adequada de motivação para o trabalho, pois como bem destacou a epígrafe que inicia essa matéria, toda autoridade deveria se basear na razão. Nos últimos dez anos, o controle de ponto nunca foi tão rígido. Só foi rígido para alguns, para aqueles que não tem apadrinhamento político. Importante lembrar, ainda, DRH, que rigidez é diferente de rigor e que isso também consta nos manuais básicos de gestão. Por fim, os servidores efetivos, que efetivamente trabalham, estão tristes e amedrontados. 

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